quarta-feira, 7 de julho de 2010

O 22 de Agosto

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( Clara está em sua casa organizando seus livros para fazer um trabalho de pesquisa sobre o Folclore brasileiro, e aguarda a amiga Bela. Que entra feito uma ventania.)
Bela – Clara,Clara me desculpe. Eu já tinha esquecido o nosso combinado.
Clara – Agora respira, toma um pouquinho desse suco, e mãos a obra.Menina, eu já estava aperreada e sem saber o que fazer. Não esqueça Belinha, esse trabalho é muito importante para nós.
Bela – É claro que sei amiga. Mas me diga ai, o que você pensou para iniciarmos o trabalho?
Claro – Me passou muitas imagens pela cabeça, então resolvi começar com este poema.
Serena a paz renovadora
Da aliança natalina,
Que busca em todo cristão
A luz da estrela que nos guia,
Como a mesma que levou
Os três reis ao menino Jesus.
( Após a leitura do poema entram Maria e José com o menino Jesus nos braços.)
Bela – Que maravilha Clara! Estou vendo que vai valer a pena os nossos esforços para aprendermos sobre a cultura do nosso povo.
Clara – Você não pode esquecer que tudo tem uma seqüência.
Bela – Como assim, uma seqüência?
Clara – Veja bem, nós iniciamos o nosso trabalho com um poema que fala sobre o Natal, que é em dezembro. E o que vem depois?
Bela – Vem janeiro com a tradição do Reisado, que são pessoas caracterizadas, fazendo a folia de reis, de cada região, e isso se chama tradição, manter a cultura viva.( Nesse momento entram os atores caracterizados fazendo a Folia de Reis. Quando os reis saem Bela começa a dar pulos no ritmo do Carnaval, nisso Clara grita.)
Clara – Ei mocinha, que isso, pirou? Quer parar com esses pulos, parece que está maluca.
Bela – Eu não estou maluca, estou animada. Por isso estou seqüenciando, não é isso mesmo,hein!
Clara – Engraçadinha, nós não estamos aqui para contar piadas.
Bela – Está bem, está bem. Eu só entrei no ritmo ( Faz uma batucada com a boca.)

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Clara – Já que entrou no ritmo, então me diga o que vem agora?
Bela – Vem... vem... ( Começa a dançar quando Clara solta outro grito.)
Clara – Para,para você está me irritando.
Bela – Calma fofíssima! Com toda a minha ginga e meu entusiasmo,quero dizer que em fevereiro tem carnaval, onde eu solto as minhas energias, e tudo que eu tenho direito.
Clara – È, tem direito. E se não fizer o trabalho certo, tem o direito de exigir nota?
Bela – Não. Mas mesmo assim eu tenho direito de saber sobre a cultura do nosso povo, e entender melhor essa riqueza cultural.
Clara- ( Enquanto Bela fala, Clara está pensativa.)Bom, já falamos sobre o Natal, o Carnaval e o Reisado, que outras coisas poderíamos acrescentar?
Bela – Por uns instantes eu estive a pensar. Algumas pessoas estão afastadas da religião católica. E o que leva outras a pensarem no misticismo da religião?
Clara – Ora Bela, a fé. Principalmente para os agricultores, que em época de inverno tem um santo protetor que é São José.
Bela – E que é comemorado no dia 19 de março, nesse dia eles esperam cair muita chuva, para terem um bom plantio e uma boa colheita. ( Nesse momento entra uma procissão.)
Clara – Quando isso acontece tem fartura e agricultores satisfeitos.
Bela – Satisfeitas quem vai ficar somos nós, quando este trabalho estiver pronto. E nosso aprendizado mais rico de conhecimentos.
Clara – Porque afinal de contas, em um país como nosso, quem não se comunica , se trombica.
Bela – Taí Clara, quem não se comunica se trombica. De certo modo tem tudo haver com a EDUCAÇÃO e a CULTURA que é mal preservada, apesar de existir pessoas preocupadas com o bem estar da comunicação que ninguém sabe se ela social ou política.
Clara – Sabe por que tudo isso ? Porque eles misturam como se fosse arroz com feijão.
Bela – Bom, mas nós não estamos aqui para discutirmos isso ou aquilo, quem somos nós, se nem o direito de democracia nós temos. Por tanto, não vamos discutir esse assunto, ele pode nos distanciar do nosso trabalho.
Clara – Falar em trabalho Bela, você viu quanto bem material e imaterial nós temos observando o nosso FOLCLORE.
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Bela – Pena que o nosso povo não preserva e nunca se interessa, vendo que a nossa vida está ligada dentro de todo esse contexto sócio-cultural.
Clara – E não é isso não. O povo não procura se informar e tão pouco formar o seu núcleo de tradição. Dessa forma estamos resgatando o que foi perdido.
Bela – Por isso é que foi criado o dia 22 de Agosto.
Clara – Muito bem lembrado Bela.
Bela – Por quê bem lembrado?
Clara – Escute só o que vou lhe falar. William John Thoms arqueólogo inglês escreveu uma carta ao The Athenaum de Londres, que foi publicada a 22 de agosto de 1846...
Bela – E o que estava escrito nesta carta, você sabe?
Clara – Ele queria que fosse proposto o termo Folck e Lore. Que Folck quer dizer povo e Lore saber. Traduzindo, e trocando em miúdos são usos e costumes dos povos antigos. Como lendas, comidas,danças e uma infinidade de saberes da cultura popular.
Bela – Você esqueceu um detalhe...
Clara – Que detalhe eu esqueci dessa vez?
Bela – Que aqui no Brasil o presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, instituiu o dia do FOLCLORE através da lei 56.747, que ficou oficializada a 22 de agosto de 1965, aprovado no Congresso Internacional de Folclore.
Clara – Bravíssimo Bela! Agora pra que não tenhamos supertições, e crendices populares, e sim, provérbios, adivinhações e muitas, muitas quadrinhas como essa:
Com P escrevo paixão
Com A escrevo amor
Com C escrevo Cristovão
No meu coração.

Bela – Agora eu.
Com T escrevo trabalho
Com D dedicação
Com C escrevo Clara
Pra ser a minha salvação.
O 22 de Agosto
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Clara- Ah, Bela, não venha de novo com suas piadinhas, que o caso aqui é sério. E olhe que o nosso Folclore é muito extenso. Graças a diversidade de seu povo, e seus valores culturais.
Bela – Mas as piadas são marcas da nossa cultura popular, que o diga Pedro Malasartes,João Grilo e as presepadas do Saci Pererê. Agora se você não gosta de piadas, só tenho a dizer que esse trabalho vai dar forró,frevo,axé,cantigas de roda e diversão como eu gosto. Ah,que dia proveitoso!...
Clara – Proveitoso o suficiente para que nós duas não esqueçamos, e outros povos venham aprender, como aprendemos de maneira divertida.
Bela – É como diz o ditado popular...
Clara – Já sei. “ Um povo sem cultura, é um povo sem memória!
Entram todos os atores dançando, um ritmo folclórico.


Texto - Manuel Lima

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